quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Quando penso em você...

Quando penso em você me sinto flutuar,
me sinto alcançar as nuvens,
tocar as estrelas, morar no céu...

Tento apenas superar
a imensa saudade que me arrasa o coração,
mas, que vem junto com as doces lembranças do teu ser.

Lembrando dos momentos
em que juntos nosso amor se conjugava
em uma só pessoa, nós ...


É através desse tal sentimento, a saudade,
que sobrevivo quando estou longe de você.
Ela é o alimento do amor que encontra-se distante...


A delicadeza de tuas palavras
contrasta com a imensidão do teu sentimento.
Meu ciúme se abranda com tuas juras
e promessas de amor eterno.


A longa distância apenas serve para unir o nosso amor.
A saudade serve para me dar
a absoluta certeza de que ficaremos para sempre unidos...


E nesse momento de saudade,
quando penso em você,
quando tudo está machucando o meu coração
e acho que não tenho mais forças para continuar;
eis que surge tua doce presença,
com o esplendor de um anjo;
e me envolvendo como uma suave brisa aconchegante...


Tudo isso acontece porque amo e penso em você...

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

CLARO!

BILL: Com licença. Esta cadeira está ocupada?
BETTY: Desculpe-me?
BILL: Está ocupada?
BETTY: Sim, está.
BILL: Oh, desculpe.
BETTY: Claro.
(Pequeno toque de campainha.)
BILL: Com licença. Esta cadeira está ocupada?
BETTY: Desculpe-me?
BILL: Está ocupada?
BETTY: Não, mas espero alguém em um minuto.
BILL: Oh. Obrigado, mesmo assim.
BETTY: Claro.
(Pequeno toque de campainha.)
BILL: Com licença. Esta cadeira está ocupada?
BETTY: Não, mas espero alguém muito em breve.
BILL: Você se importaria se eu me sentar aqui até que ele ou ela ou o que quer que seja chegue?
BETTY: (Olha de relance seu relógio.) Já passa bastante da hora...
BILL: Você nunca sabe quem você pode estar recusando.
BETTY: Desculpe. Boa tentativa, no entanto.
BILL: Claro.
(Campainha.)
BILL: Este assento está ocupado?
BETTY: Não, não está.
BILL: Você se importaria se eu me sentar aqui?
BETTY: Sim, me importaria.
BILL: Oh.
(Campainha.)
BILL: Esta cadeira está ocupada?
BETTY: Não, não está.
BILL: Você se importaria se eu me sentar aqui?
BETTY: Não, vá em frente.
BILL: Obrigado. (Ele senta. Ela continua lendo.) Todos os outros lugares parecem estar ocupados.
BETTY: Hum-hum.
BILL: Belo lugar.
BETTY: Hum-hum.
BILL: Que livro é?
BETTY: Eu só gostaria de ler em silêncio, se você não se importa.
BILL: Não.
(Campainha.)
BILL: Todos os outros lugares parecem estar ocupados.
BETTY: Hum-hum.
BILL: Belo lugar pra se ler.
BETTY: É, eu gosto.
BILL: Que livro é?
BETTY: “O Som e a Fúria”.
BILL: Oh. Hemingway.
(Campainha.)
BILL: Que livro é?
BETTY: “O Som e a Fúria”.
BILL: Oh. Faulkner.
BETTY: Você já leu?
BILL: Na verdade... não. Embora tenha lido sobre ele. Deve ser fantástico.
BETTY: É ótimo.
BILL: Ouvi dizer que sim. (Pequena pausa.) Garçom?
(Campainha.)
BILL: Que livro é?
BETTY: “O Som e a Fúria”.
BILL: Oh. Faulkner.
BETTY: Você já leu?
BILL: Eu mesmo sou um fã de Mets.
(Campainha.)
BETTY: Você já leu?
BILL: Sim, eu li na faculdade.
BETTY: Qual faculdade?
BILL: Fiz letras pelo Instituto Universal Brasileiro.
(Campainha.)
BETTY: Qual faculdade?
BILL: Eu estava mentindo. Na verdade nunca fiz faculdade. Eu só gosto de brincar.
(Campainha.)
BETTY: Qual faculdade?
BILL: USP.
BETTY: Você gosta de Faulkner?
BILL: Eu amo Faulkner. Uma vez passei um inverno inteiro lendo-o.
BETTY: Eu apenas comecei.
BILL: Fiquei tão empolgado após as dez primeiras páginas que saí e comprei tudo o mais que ele tinha escrito. Uma das maiores experiências literárias da minha vida. Quer dizer, toda aquela incrível compreensão psicológica. Páginas e páginas de prosa maravilhosa. Seu profundo alcance do mistério do tempo e da existência humana. Os cheiros da terra... O que você acha?
BETTY: Eu acho muito chato.
(Campainha.)
BILL: Que livro é?
BETTY: “O Som e a Fúria”.
BILL: Oh. Faulkner.
BETTY: Você gosta de Faulkner?
BILL: Eu amo Faulkner.
BETTY: Ele é incrível.
BILL: Uma vez passei um inverno inteiro lendo-o.
BETTY: Fiquei tão empolgada após as dez primeiras páginas que saí e comprei tudo o mais que ele tinha escrito.
BILL: Toda aquela incrível compreensão psicológica.
BETTY: E a prosa é tão maravilhosa.
BILL: E a maneira como ele alcança o mistério do tempo —
BETTY: — e da existência humana. Eu não acredito que esperei tanto para lê-lo.
BILL: Nunca se sabe. Você poderia não ter gostado dele antes.
BETTY: É verdade.
BILL: Você podia não estar preparada para ele. Essas coisas têm que acontecer no momento certo, senão não é bom.
BETTY: Isso aconteceu comigo.
BILL: Está tudo no timing. (Pequena pausa.) Meu nome é Bill, aliás.
BETTY: Sou Betty.
BILL: Oi.
BETTY: Oi.
(Pequena pausa.)
BILL: Sim, pensei que ler Faulkner seria... uma grande experiência.
BETTY: Sim.
(Pequena pausa.)
BILL: “O Som e a Fúria”
(Outra pequena pausa.)
BETTY: Bem. Pra frente e pra cima, não? (Ela volta ao seu livro.)
BILL: Garçom — ?
(Campainha.)
BILL: Você podia não estar preparada para ele. Essas coisas têm que acontecer no momento certo, senão não é bom.
BETTY: Isso aconteceu comigo.
BILL: Está tudo no timing. Meu nome é Bill, aliás.
BETTY: Sou Betty.
BILL: Oi.
BETTY: Oi.
BILL: Você vem muito aqui?
BETTY: Na verdade, só estou na cidade por dois ou três dias, depois volto pro Paquistão.
BILL: Oh. Paquistão.
(Campainha.)
BILL: Meu nome é Bill, aliás.
BETTY: Sou Betty.
BILL: Oi.
BETTY: Oi.
BILL: Você vem muito aqui?
BETTY: De vez em quando. E você?
BILL: Já não muito. Não tanto quanto eu costumava. Antes do meu colapso nervoso.
(Campainha.)
BILL: Você vem muito aqui?
BETTY: Porque você está perguntando?
BILL: Só pra saber.
BETTY: Você está realmente querendo saber, ou você só está tentando me cantar?
BILL: Eu estou realmente querendo saber.
BETTY: Porque você gostaria de saber se eu venho ou se eu deixo de vir aqui?
BILL: Só pra puxar uma conversa.
BETTY: Talvez você só esteja querendo puxar uma conversa que dure o suficiente para que você possa me convidar para ir à sua casa, tomar um pouco de vinho, ouvir um pouco de música, ou porque você acabou de alugar alguma fita ótima, só que tudo o que você realmente quer fazer é trepar — coisa que você não fará nada bem — depois do que você irá até o banheiro e mijará muito alto, então caminhará até a cozinha e pegará uma cerveja da geladeira para você sem nem ao menos me perguntar se eu gostaria de alguma coisa; e então você voltará a deitar-se ao meu lado e começara a confessar que tem uma namorada, chamada Stephanie, que está na Bélgica, fazendo medicina, e que você está envolvido com ela — terminando e voltando — no que você chamará de uma relação muito complicada, há mais ou menos sete ANOS. Nada disso me interessa, senhor!
BILL: Tudo bem.
(Campainha.)
BILL: Você vem muito aqui?
BETTY: Todos os dias, eu acho.
BILL: Eu venho aqui bastante e não me lembro de ter visto você.
BETTY: Acho que nós temos horários diferentes.
BILL: Conexões perdidas.
BETTY: É, fuso-horários trocadoss.
BILL: Incrível como você pode ser vizinho de alguém nessa cidade e nem ao menos conhecê-lo.
BETTY: Eu sei.
BILL: Vida urbana.
BETTY: É louco.
BILL: Provavelmente nós nos cruzamos na rua todos os dias. Bem em frente a este lugar, provavelmente.
BETTY: Com certeza.
BILL: (Olha em volta.) Bem, os garçons daqui com certeza parecem estar em outro fuso-horário. Eu não vejo um em lugar algum... Garçom! (Olha de volta.) Então o que você... (Ele percebe que ela voltara ao seu livro.)
BETTY: Perdão?
BILL: Nada. Desculpe.
(Campainha.)
BETTY: Acho que nós temos horários diferentes.
BILL: Conexões perdidas.
BETTY: É, fuso-horários trocados.
BILL: Incrível como você pode ser vizinho de alguém nessa cidade e nem ao menos conhecê-lo.
BETTY: Eu sei.
BILL: Vida urbana.
BETTY: É louco.
BILL: Você não estava esperando alguém quando eu entrei, estava?
BETTY: Na verdade eu estava.
BILL: Oh. Namorado?
BETTY: Mais ou menos.
BILL: O que é um mais ou menos namorado?
BETTY: Meu marido.
BILL: Ah!...
(Campainha.)
BILL: Você não estava esperando alguém quando eu entrei, estava?
BETTY: Na verdade eu estava.
BILL: Oh. Namorado?
BETTY: Mais ou menos.
BILL: O que é um mais ou menos namorado?
BETTY: Nós estamos nos encontrando aqui para terminar.
BILL: Hum-hum...
(Campainha.)
BILL: O que é um mais ou menos namorado?
BETTY: Meu caso. Aí vem ela!
(Campainha.)
BILL: Você não estava esperando alguém quando eu entrei, estava?
BETTY: Não, apenas lendo.
BILL: Tipo de ocupação triste para uma Sexta à noite, não? Lendo aqui, totalmente sozinha?
BETTY: Você acha?
BILL: Bem, com certeza. Quer dizer, o que uma mulher bonita como você faz saindo sozinha numa Sexta à noite?
BETTY: Tentando me manter longe de falas como esta.
BILL: Não, escute —
(Campainha.)
BILL: Você não estava esperando alguém quando eu entrei, estava?
BETTY: Não, apenas lendo.
BILL: Tipo de ocupação triste para uma Sexta à noite, não? Lendo aqui, totalmente sozinha?
BETTY: Creio que sim, de alguma forma.
BILL: Bem, com certeza. Quer dizer, o que uma mulher bonita como você faz saindo sozinha numa Sexta à noite? Sem ofensa, mas...
BETTY: Saio sozinha numa Sexta à noite pela primeira vez em muito tempo.
BILL: Oh.
BETTY: Você sabe, eu recentemente terminei um relacionamento.
BILL: Oh.
BETTY: De muito longa data.
BILL: Sinto muito — Bem, escute, já que ler sozinha é uma ocupação um tanto triste para uma Sexta à noite, você não gostaria de ir a algum outro lugar?
BETTY: Não...
BILL: Fazer outra coisa?
BETTY: Não, obrigada.
BILL: Eu vou ao cinema daqui a pouco, de qualquer forma.
BETTY: Eu não acho.
BILL: Grande chance de deixar Faulkner respirar. Todas aquelas longas sentenças o deixam bastante cansativo.
BETTY: Obrigada de qualquer maneira.
BILL: Tudo bem.
BETTY: Eu aprecio o convite.
BILL: Claro.
(Campainha.)
BILL: Você não estava esperando alguém quando eu entrei, estava?
BETTY: Não, apenas lendo.
BILL: Tipo de ocupação triste para uma Sexta à noite, não? Lendo aqui, totalmente sozinha?
BETTY: Eu estava tentando pensar sobre isso como existencialismo romântico. Você sabe: capuccino, boa literatura, uma noite chuvosa...
BILL: Isso só funciona em Paris. Nós poderíamos pegar o último avião para Paris, achar um café...
BETTY: Eu estou meio sem grana pra uma passagem de avião.
BILL: Maldição, eu também.
BETTY: Pra falar a verdade, eu pensava em ir ao cinema depois que terminar este capítulo. Você gostaria de ir junto? Já que não consegue localizar um garçom?
BILL: É uma bela oferta, mas... não posso.
BETTY: Hum-hum. Namorada?
BILL: Duas, na verdade. Uma delas está grávida, e a Stephanie —
(Campainha.)
BETTY: Namorada?
BILL: Não, não tenho namorada. Não se você considerar a puta castradora que eu espanquei ontem a noite.
(Campainha.)
BETTY: Namorada?
BILL: Mais ou menos. Mais ou menos...
BETTY: O que é uma mais ou menos namorada?
BILL: Minha mãe.
(Campainha.)
BILL: Na verdade, eu recentemente terminei um relacionamento.
BETTY: Oh.
BILL: De muito longa data.
BETTY: Sinto muito de ouvir isso.
BILL: É a primeira noite que saio sozinho em muito tempo. Eu me sinto um pouco no mar, pra falar a verdade.
BETTY: Então você não parou para falar porque é lunático ou porque tem uma filiação política esquisita? —
BILL: Não. Totalmente PFL.
(Campainha.)
BILL: Totalmente PSTU.
(Campainha.)
BILL: Posso falar pra você alguma coisa sobre política?
(Campainha.)
BILL: Eu me considero um cidadão do mundo.
(Campainha.)
BILL: Não tenho nenhuma filiação.
BETTY: É um alívio. Eu também não.
BILL: Eu voto de acordo com as minhas convicções.
BETTY: Rótulos não são importantes.
BILL: Exatamente, rótulos não são importantes. Me tome como exemplo. Quer dizer, que diferença faz se eu tirei nota quatro —
(Campainha.)
BILL: nota seis —
(Campainha.)
BILL: nota oito na faculdade, ou se eu vim de Goiânia —
(Campainha.)
BILL: Americana —
(Campainha.)
BILL: Curitiba?
BETTY: Com certeza.
BILL: Eu acredito que um homem é o que ele é.
(Campainha.)
BILL: Um humano é o que ele é.
(Campainha.)
BILL: Uma pessoa é o que é.
BETTY: Eu também penso assim.
BILL: E daí se eu admirar Trotsky?
(Campainha.)
BILL: E daí se uma vez fiz lipoaspiração em todo o meu corpo?
(Campainha.)
BILL: E daí se eu não tiver um pênis?
(Campainha.)
BILL: E daí se eu gastei um ano nas Forças de Paz? Eu estava trabalhando nas minhas convicções.
BETTY: Convicções são importantes.
BILL: Você não pode simplesmente rotular uma pessoa.
BETTY: Absolutamente. Eu apostaria que você é de Escorpião.
(Muitas campainhas tocam.)
BETTY: Escute, eu pensava em ir ao cinema depois que terminar este capítulo. Você gostaria de ir junto?
BILL: Isso parece divertido. O que está passando?
BETTY: Alguns dos primeiros filmes do Woody Allen.
BILL: Oh.
BETTY: Você não gosta do Woody Allen?
BILL: Com certeza. Eu gosto de Woody Allen.
BETTY: Mas você não é louco por Woody Allen.
BILL: Esses primeiros me dão um pouco nos nervos.
BETTY: Hum-hum.
(Campainha.)
(Simultaneamente.) BILL: Você sabe, eu pensava em ir...
BETTY: Eu estava pensando em...
BILL: Desculpe-me.
BETTY: Não, continue.
BILL: Eu só ia dizer que estava pensando em ir ao cinema daqui a pouco, e...
BETTY: Eu também.
BILL: O Festival de Woody Allen.
BETTY: Aqui no CINESESC.
BILL: Você gosta dos mais recentes?
BETTY: Qualquer um que não goste deveria ser expulso do planeta.
BILL: Quantas vezes você assistiu “Bananas”?
BETTY: Oito.
BILL: Doze. Então, ainda interessada?
BETTY: Você gosta de Chicabon?
BILL: Eu saí hoje às duas da manhã para comprar um. Você teve uma Lousa-Mágica quando criança?
BETTY: Sim! Você gosta de Couve-de-Bruxelas?
BILL: Acho que elas são nojentas.
BETTY: Elas são nojentas.
BILL: Você ainda acredita em casamento apesar dos correntes sentimentos contra isso?
BETTY: Sim.
BILL: E filhos?
BETTY: Três deles.
BILL: Duas meninas e um menino.
BETTY: Pedro, Paula e Priscila.
BILL: E você me amará?
BETTY: Sim.
BILL: E será carinhosa comigo pra sempre?
BETTY: Sim.
BILL: Você ainda quer ir ao cinema?
BETTY: Claro.
BILL e BETTY (Juntos.): Garçom!

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Estação do Mosquito

Tirando o meu amigo Hélio — o Hélio Lanterneiro, como o conhecemos e chamamos em Marechal Hermes —, nem entre os moradores mais arqueológicos do bairro encontrei quem se lembrasse da Estação do Mosquito, onde, nos idos de quase tudo, existiu uma pequena plataforma de madeira, como ponto ferroviário de embarque e desembarque dos soldados e funcionários da Aeronáutica, tanto os da Intendência (que grande farra de leite em pó naqueles tempos de Aliança para o Progresso), quanto os do Campo dos Afonsos. Coisa de carbono 14, sem exagero.

Para este cronista, que vai curtindo seu qüinquagésimo oitavo ano de juventude, a tal Estação do Mosquito sempre foi apenas o campinho do rala-coco, à margem do esquálido e sujo rio Tingüi, onde bati muita bola em começos dos anos 1960.

Se isso não quer dizer nada — e não quer dizer mesmo, pois nunca passei de um enfezado beque de roça, um cegueta que jogava de óculos e que, para a alegria dos adversários, nunca disputava uma bola de cabeça, além de ser o maior colecionador de cartões vermelhos da paróquia —, lembremos que Dadá Maravilha, um dos nossos, começou ali e em outras peladas do bairro sua exitosa carreira de goleador nacional. Ou seja, ainda de acordo com o meu amigo Hélio, da Estação do Mosquito para os campos de honra mexicanos, uma glória só.

É verdade que não conheci Dadá pessoalmente. Embora ele fosse apenas dois anos mais velho do que eu e morasse quatro ruas depois da minha, não éramos da mesma patota, como se dizia então. Para dizer tudo, nunca cruzei com ele nessas furiosas partidas de futebol, só nos conhecíamos de vista.

Depois de famoso, a turma da inveja por aqui entrou a vender o peixe de que Dario, segundo eles um tremendo perna-de-pau em garoto e rapazola, era invariavelmente barrado nas peladas do lugar. Deve ser mentira. Se eu entrava até de bengala em campo, como é que iam barrar aquele cara impetuoso e fominha de gol, ainda que não fosse um virtuoso com a bola nos pés? De qualquer modo, são águas passadas, e o grande Peito de Aço já deu uma resposta à altura a esses comentários maldosos.

Lembram-se da frase? Acho que era assim: “Nunca aprendi a jogar futebol, pois perdi muito tempo fazendo gols.” O homem estava certo, até o momento ele só perde na artilharia para o Pelé e o Romário. E é uma pena que só tivesse ficado no Flamengo a temporada 1973-1974, justamente quando o Galinho de Quintino começava a pôr os esporões de fora.

Quanto à Estação do Mosquito, onde hoje se acham muito bem plantados vários prédios de apartamentos, restou completamente sem memória, apesar de toda a curiosidade do nome. Que pode ter havido naquele pedaço de várzea antes da criação de Marechal Hermes? Mistério a ser pesquisado. Nos sistemas de busca internéticos não encontrei nada. O jeito é apelar para os velhos métodos: vou perguntar ao bispo.

domingo, 25 de fevereiro de 2007

Meu Dia de Hoje ou de Ontem

Bem, nada melhor que em pleno domingo sua cabeça esteja estourando de dor.
Quando se vive uma vida meio agitada, especialmente aos sábados, você não se dá conta das consequencias de tal atitude.
Pois é, minha cabeça dói, e tudo que me lembro agora é que fui ontem ao aniversario do meu primo, até então tudo parece muito normal, mesmo porque aniversario é sempre aniversário.
Bem , mas ao chegar já senti que aquilo não ia prestar, mas como estava com fome fiquei pra poder comer do churrasco. Comecei a beber, estava bebendo um bacardi meio esquisito, tinha gosto de campari, horrivel! O engraçado é que depois ele começou a ficar bom, bem depois, acho que umas sete doses depois.
E bem nessa hora mesmo que ele começou a ficar bom, ou eu, nao sei, rsrs, comecei a trocar ideia com uma das poucas meninas de cabeça boa que estava lá e até que conversamos muita coisa legal, especialmente sobre a parada da doença do meu avô e se nao me falha a memória o nome dela é Marisol, muito gente boa.
Minha cabeça logo depois disso começa a dar sinais de que já estava passado o limite, mas quis confundir minha cabeça e fiz um jogo com ela e diante daquela meninada toda eu fui permanecendo.
Foi quando lá por volta das seis e pouca o porcão, um amigo de uma amiga, me chama pra eu ir com ele buscar uma parada, eu que nao sou bobo, já sabia o quê era e fui, eu queria mesmo. Fomos eu, pocão, chocolate e mais um outro cara. Eu comprei uma bucha de beck brutal, eles compraram beck e um pouco do branco. Como sou um homem previnido sempre carrego na minha carteira um pouco de seda, nunca sei quando vai ser a proxima vez, daí fumamos e fumamos muito, e eles ainda iam cheirar, e lógico que me coloquei na reta, mesmo porque eles fumaram quase a metade da minha bucha.
Fomos pra um posto totalmente loucos e entramos no banheiro, dois em dois, cheiramos.
E já curtindo uma onda, dentro do carro, tudo maneiro, vai que cai a bomba....
O chocolate, que também se nomina como antonio, chegou e falou assim para mim " eu te conheço bastante meu irmao". Putz!!!! Nessa hora passa mil coisas na minha cabeça, nao sou um cara de um passado nem um presente admirável, e isso é um fato notório aqui na região, mas aí eu falei " ah é?!! E de onde você me conehce bastante???"
Ele então vai e solta o verbo " sou o pai da sua afilhada, a filha da flavia"
Caraca!!!!!! O que um beck não nos proporciona, momentos como esse nunca iriam acontecer, nunca mesmo. A flavia é uma amigona minha, muito amiga mesmo, e está grávida e o chocolate que é o pai, mas nao quer assumir e eu serei o padrinho da pentelha, então estava puto com esse cara, nao sabia quem ele era, mas queria muito conversar com ele, falar muitas coisas na cara dele saca, mas a flavia nao deixava.
Começamos entao a rasgaçao de sebo, falei muita coisa com ele, e ele ouviu tudo, me mostrou também seu ponto de vista e o pricipal, a versão dele da história. E mesmo muito louco, nós dois, eu vi que ele é um bom rapaz, gostei de verdade.
Voltamos pra festa, estava bombando, meninada louca, galera bebada, me sentia em casa praticamente, quando subimos as escadas nós quatro jutnos, a maresia vinha junto pra nos condenar e todos ficaram pirados, uns inclusive até queriam, sei que no final eu acabei dando uma parte pra eles usarem.
Sei que quando subi estava tocando um trance muito maneiro e me deu uma vontade maluca de dançar a noite inteira, mecher todo meu corpo e fazê-lo usar ao som daquela batida...Dei uns passinhos e me despedi da galera, nao podia ficar mais ali, ou então ia acabar falando besteira com mais gente....
Fui caminhando, fumando um cigarro e pensando no dia que eu tive, especialmente na amizade que eu fiz...

yuri rabelo

sábado, 24 de fevereiro de 2007

PUNHETA E POESIA NOS TEMPOS DA ESCOLA

Ah! Mari Laura... Faz muito tempo, tinha catorze anos na época e estava definhando por causa da punheta. Mari Laura era a musa da vez. Estudávamos na mesma classe, sendo que ela era mais velha e ostentava um corpo de mulher. Seios grandes, quadril arredondado e lábios enlouquecedores. Pensava em mil maneiras diferentes de comer Mari Laura e em cada novo pensamento você já sabe... era pela manhã, pela tarde e sem faltar à noite. No final do dia os jatos nem tinham mais força para sair, tamanha era a tara que eu tinha por minha colega.

Em uma monótona aula de Geografia resolvi descobrir meus dotes literários e fiz um poema erótico para Mari Laura. Erótico era eufemismo. O poema era pura putaria mesmo. A imaginação corria solta. Após contemplar minha obra finalizada comecei a prever o futuro. Manchete dos principais jornais do Brasil: “Adolescente superdotado da literatura surpreende o mundo”, “Brilhantismo de aluno alavanca vendas de livros”, “Poeta mirim concorre ao Nobel da literatura”, “Explosão de vendas dos livros de poesia”. Sonhava com o sucesso inerente da minha descoberta. E eu nem sabia que tinha tanto talento. Podia prever muitas mulheres, carros, mulheres, fama, mulheres, dinheiro e mulheres. Não precisaria mais me punhetar o dia todo graças a uma poesia... Claro que muitas viriam após.

A hora do recreio chegou e saí com a cabeça erguida da sala. Meus colegas, coitados, pobres mortais. Não dizem que os grandes escritores são imortais? Pois então alcancei a imortalidade. Passei todo o recreio viajando literariamente na maionese. O sinal tocou e voltei para a sala. Procurei minha obra prima para mais uma vez contemplá-la. No caderno, na pasta, no chão, na mesa do vizinho... O desespero começou a bater quando avistei minha folha. Três filas à direita em diagonal, minha poesia descansava nas mãos de Mari Laura. Seus olhos faiscavam de raiva. Até hoje não sei como aquela porra foi parar lá. Colegas meus? Dela? Ela mesma? O fato é que fui descuidado e provavelmente deixei minha arte dando sopa em cima da mesa. Algum filho da puta viu e foi entregar.

Estava frito! O colégio era de freiras e certamente Mari Laura iria me delatar. Expulsão, perda da bolsa, uma surra daquelas em casa e sei lá mais o quê. Podia adivinhar as manchetes nos principais jornais do Brasil: “Adolescente depravado coloca em xeque a educação no Brasil”, “Estudante ridiculariza tradicional instituição de ensino”, “Descoberta nova doença mental em escola do Rio Grande do Sul”, “Escândalo na escola: além de não ter conteúdo a poesia continha erros de Português”.

O turno acabou e fui para casa completamente apavorado. Não consegui dormir e a única solução foi bater mais uma, pensei em Mari Laura lendo meu poema e tirando a roupa, bem o resto você já sabe...

No dia seguinte para minha surpresa não teve aula para minha turma. Os meninos foram levados para uma sala e as meninas para outra. A minha poesia estava na mão do Professor Israel que além de dar aula de História também era membro do serviço de orientação educacional, ou algo que o valha. Ele queria saber quem foi que tinha escrito aquela merda. Evidente que eu não era bobo, bem pelo menos não tão bobo, e sabia que ele sabia que era eu o autor. Fiquei firme e não me entreguei. Todos meus colegas ficaram petrificados e ninguém me dedurou. Não tinha idéia o que se passava com as meninas, mas estava muito apavorado para querer saber. Ameaças foram ditas e as mais variadas penalidades passaram por nossos ouvidos. Agüentamos assim até a salvadora hora do recreio.

Quando fomos dispensados para o intervalo é lógico que todos os meninos se reuniram para um conselho de guerra. A turma estava dividida. Metade queria que eu me entregasse a outra metade achava que eu deveria manter a minha posição de quem não sabe nada.

Voltamos para o massacre, o professor continuava com seu joguinho psicológico e uma hora antes da saída foi dado o ultimato. Se não houvesse uma indicação de culpabilidade todos iriam sofrem as conseqüências. E saiu da sala. Como você deve adivinhar a metade que achava que eu deveria manter minha posição mudou de idéia e agora todos pressionavam para que eu me entregasse. Quando o mestre voltou eu me entreguei. Os outros alunos foram dispensados e o professor olhou fundo nos meus olhos e falou que sabia que era eu. Filho da puta, pensei. Para que essa porra toda então! Para minha surpresa fui dispensado logo em seguida. Tentei em vão levar minha obra, mas ela ficou confiscada pela inquisição escolar. Os dias passaram monotonamente até que meus pais foram chamados para uma reunião. Novamente os pensamentos de tortura me assombraram. A merda foi jogada no ventilador. Minha mãe leu a poesia. Porra minha mãe leu que eu queria meter em tudo que era buraco da minha colega. E agora?

Que coisas foram debatidas nas reuniões do conselho de classe eu nunca fiquei sabendo, mas não fui expulso, não perdi minha bolsa e nem levei suspensão. Minha mãe ficou indignada comigo até o final do ano e meu pai só queria saber se a colega era boa mesmo. Meu pai foi legal, porém tive que prometer que nunca mais iria escrever poesias ou qualquer outra coisa que tivesse sacanagem. Minha carreira literária recém tinha começado e já estava finalizada.

A vida continuou e a conseqüência imediata do meu ato foi que a escola iniciou uma disciplina de educação sexual (acho que foi constatada que a culpa não era só minha) Evidente que eu fui “convidado” a assistir todas as aulas. Esta aventura literária quase me custou caro. O que mais me magoou foi que nunca mais recuperei o original.

E lá corria a aula de educação sexual ministrada pela irmã Apolônia: “Meninos têm pênis, meninas têm vagina”. Porra! Queria o quê? Fiz por merecer.

Quase ia me esquecendo: Mari Laura veio falar comigo depois de toda essa maratona ter finalizado. Naturalmente ela me xingou, descarregou um amontoado de impropérios, mas a última frase eu nunca mais vou esquecer na vida: “Vou dizer uma coisa, mas vê se não fica convencido: continuo te achando bonitinho”.

Mari Laura estava de quatro. Minhas mãos agarravam sua cintura minúscula enquanto eu dava estocadas sem parar. Ela gemia e este som me alucinava cada vez mais. Sua cabeça balançava freneticamente deixando os cabelos crespos dançarem no ar. Enfiava com força, a entrada e saída de ar faziam barulhos desconexos, aumentei a velocidade e a força. A bunda de Mari Laura encaixava perfeitamente no meu corpo. Cravei minhas mãos nelas, abri as nádegas para visualizar melhor o meu cacete na penetração. Tirei da frente e botei atrás, com violência, com raiva...

Então acordo... Que porra do caralho!!!!!! Tinha que acordar logo agora? Estava todo suado e com o pau duríssimo. Peguei-o com vontade e... Bem o resto você já sabe.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

pensando em como seria se você me amassse:.

Pensando em como seria se você me amasse
Tive a leve impressão de que realmente, por um instante, fosse verdade
Tive quase a certeza de que era tudo real e não somente um sonho
Sonho bom mesmo sendo ruim...
E quando olhei pra fora da janela, pensei ter visto teus olhos brilhantes
teu sorriso discreto, tua pele morena...
E não me contive em sorrir desesperadamente
Desesperadamente solitário ficou meu semblante
Ao ver que teus olhos, mesmo que estivessem abertos
e me observando, não estariam me vendo...
Que tua pele morena não poderia ser tocada
Que teu sorriso não poderia se transformar num beijo
E voltando a pensar em como seria se você me amasse
Percebi que deixei o tempo carregar a pessoa, de pele morena e sorriso discreto
Pra um lugar inatingível
Cujas estradas não levam a lugar algum
E onde, em algum lugar, se perdeu meu coração
tentando achar a pessoa, de pele morena e sorriso discreto
Que um dia me fez acreditar que um sonho poderia ser real
e que o amor poderia suportar a saudade
Mas tive a leve impressão que fosse real, que não fosse um sonhoE pensei no quanto seria bom se você me amasse

David Rangel