quarta-feira, 27 de junho de 2007

Sexo, drogas e rock´n´roll : a Tríade de Alice.

Pé ante pé. Tira e excita. Strip-tease. Leia-se. A provocação do escuro e das luzes.
Despida ao desatino. Intimo destino, servir com o corpo para queimar o desejo.
Proposta desproposta da minha dança. Minha identidade. Desnecessária.
Anonimato. Prefiro ser chamada de Alice.
No mastro, enquanto danço, meu corpo fala:
-... “Sou mulher da noite”! Quero uma cama pra deitar, e um drink pra beber.
“Se quiser me ver despida, me ame...”
Tattu entra. Eu o persigo com meus olhos.
Me coma, me beba, me puxe,me domine.!
É estava escrito nos meus quadris, essa era a leitura que ele tinha ao me ver.
Gingado perfeito, tesão certeiro,plano imperfeito.
Vestida de violeta, a cor da temperança, desço as escadas curtas, caminho em direção a ele.
-Oi Tattu!!!. Eu disse, ajeitando meus cabelos.
Oi Alice. Responde ele, procurando meus olhos.
A noite ergue um muro para me proteger. Como vivo atrás dele? Não sei.
Na infância eu fui tudo o que eu quis ser, mas não achei tudo que eu procurava.
Naquele emaranhado de sensações e lembranças, eu puxo Tattu para dançar.
-Venha! Me sinta!
Ele me prende em seus braços, se esfrega em mim, estava definitivamente seduzido, tomado pela musica, pela lascívia, pelo despudor.
O aroma se destaca com o suor que percorre nossos corpos enquanto dançamos.
Me beije, dizia meu corpo.
Desnecessário dizer que meus lábios pediam os dele.
Não posso e não devo ignorar o que meu corpo fala, mas diferente de todos que já seduzi, Tattu era diferente, eu precisaria estudar suas reticências, para não igualar ou buscar no passado beijos parecidos. Mas era para serem parecidos? Um dejavú talvez.
De certo modo, diferente das palavras que eu poderia dizer no seu ouvido, meu coração precisaria de um manual de instruções para lidar com tantas sensações, ou para exorcizar a dor de ser o que eu sou. Não... Não é fácil ser stripper.
Tattu abre os olhos depois do beijo, mas o vejo pensativo.
Olha como se me associa-se a alguém. Ele não diz nada.
Mas seus olhos procuram nos meus o ponto comum.
Puxo-o junto a mim e viro esse avesso do que ele pensa que eu sou.
Sem entrega. Sem desabafo.
Não quero fazer uso da razão. È necessário dizer que um beijo desnuda?
Se for pra ser frágil que seja onde eu sou forte, já dizia o lema de nós, as dançarinas.
Também não o desafio a me desvendar, seria admitir meu fascínio por ele.
Resisto ansiosa pra tirar meu olhar do dele, enquanto ele solta uma piscadela atrevida.
Borrifo meu perfume, solto seu corpo do meu, ascendo um cigarro, subo no palco.
Quem se importa?
Eu já estou no palco flertando com outro. Insuportavelmente obscena.
Nas horas vagas, eu sonho. Nas ocupadas, procuro Tattu.
Louca, depravada, contraditória, encarcerada. Mas me chame de Alice.

Carpediem (JT)

Tríade

Perdida nas luzes claras, ora escuras. Trazia consigo toda luxúria cabível em um ser humano. Explodia pecado, fome, desejo e sedução.
Em seu vestido roxo, Alice apareceu. Movimentos ficam paralisados diante da figura que ela traz em suas sombras.
Lascívia, pudor, obsceno. Tudo se misturava e formava um antro de perdição e de prazer.
O medo dominava a princípio, minha cabeça girava. Em momentos antes desse encontro saciei minha vontade alucinógena, estava em outro mundo.
As luzes daquela boate fundiam-se e se encontravam só em mim.
Sentia meu sangue borbulhar ao som daquela batida frenética.
Ela se aproxima. “Oi Tattu”? “Oi Alice”, disse eu apavorado. Olhava profundamente em seus olhos e via as mais profundas sensações. Era clara a vontade louca que tinha de lhe beijar a boca, mas não o podia. Há pouco tempo naquele mesmo local me envolvi com uma linda plebéia, meus pensamento ainda eram fixos nela.
No entanto, Alice não me permitia isso. Também me olhava profundo, dançava ao meu redor como uma stripper, encostava suas partes nas minhas, me sentia um tanto estático vendo aqueles movimentos me seduzirem, estava hipnotizado.
Segurava delicadamente seu lado, não queria ser ríspido.
Por inúmeras vezes em suas voltas, Alice e seus lábios clamavam pelo encontro com os meus, mas estava segurando, algo me dizia que não era ainda o momento.
Enquanto aquelas luzes nos cortavam, girávamos num rodopio fissurado, e girávamos e girávamos.
Alice era uma mulher obscura, seu brilho se ofuscava com a sombra do seu passado. Era tenebroso, mas ao mesmo tempo era relaxante, prazeroso viajante.
Por um momento achava que tudo aquilo estava somente na minha cabeça, resultado de momentos nostálgicos e relaxantes, mas não.
Ao me sentar, ela se joga em mim. O impulso e o desejo foram tão grande que quase somos segurados pelo chão. O choque do beijo mostrou a todos que assistiam demasiadamente a cena o tamanho do prazer que nós dois sentiamos...
Aquilo então se mistura na minha cabeça. Aquele beijo mordaz e excitante me fazia lembrar uma pessoa. Uma pessoa que tinha o mesmo olhar, o mesmo sorriso, o mesmo beijo...


yuri rabelo

sexta-feira, 22 de junho de 2007

a Grande História do Beijo

Não são todos os dias que leio nas entrelinhas. E confesso isso com tanta heresia, desviando entre o que é certo e o que é errado. Não vou rezar pra que ninguém me escute,vou rezar pra que também passem neste entremeio.
Ela olha a sua volta e repara que algo será diferente. Não sabe o que é ou o que será, pressente.
Um drink, alguns alucinógenos, a musica ensurdecedora.E pronto, este não será mais um dia com rastros de libertinagem misturado com delírios.
Ele fugia da solidão, mas não do encontro consigo. De uma maneira diferente eu também estava fugindo. E quantas pessoas passam a vida, buscando em outras coisas, ou em outras pessoas, ou em grandes vícios para anestesiar a vida, congelar o medo, encontrar um alivio imediato?
Bastaria um beijo ate o efeito passar e a vontade mascarada surgir.
Tatto encheu uma densidade tamanha, que Tieta tinha medo de não ter pra onde escoar essas sensações.
Um beijo embrulhado no espanto.
Abandonaram o laço de cumplicidade, soltaram seus pecados.
Um prazer vândalo e insano.
Degustar o proibido entre o doce e o amargo, palatável ou intragável.
Não queriam dizer sequer uma palavra, porque palavras se escondem e empurram ao labirinto dos sorrisos estéreis.
Ali, na escuridão, enquanto se beijavam freneticamente, seus segredos ficavam mais graves, fundos, intocáveis.
Só queriam saciar a sede dos lábios.
Tentando resgatar a lucidez, ambos se separam e dançam ao ritmo alucinante envoltos por uma nevoa de êxtase liquido que continha despropositalmente no drink de Tieta.
Os olhos de Tatto contam os afetos e as paixões sofridas, buscam as garantias, buscam os sins, a inquietude, a libido, julga, retém o futuro,impressiona,desdenha desafios, represa a tristeza, troca o certo pelo duvidoso,arrisca, belisca, mas não importava naquele momento. Das risadas mais francas se beijam novamente.
Da madrugada do êxtase, reescreveriam suas historias.
Palavras novas, expressões duplas.
Olhos novos para o que surgia.
Tatto era alguém que atraia Tieta pelo modo como ele depurava seus sentimentos, da forma como ele verbalizava as palavras, da forma que sua alma sente e escuta. A sua beleza destila sensibilidade quebrada com liberdade.
E o que seria agora? Pergunta-se Tieta entre uma tragada de cigarro e o titilar de gelos do drink.
Ele sempre a ouvia. Conhece e desconhece seus mistérios e suas historias.
Seus medos seriam acomodados ainda mais nesse refúgio úmido de sua personalidade.
Sequer quero manifestar aquele beijo em palavras escritas, porque pareceriam um texto sem dono, como agora.
Pouco claro, ao revés de Tieta. E inconcluso.


Carpediem (JT)

quinta-feira, 21 de junho de 2007

O beijo de Tieta 2

Do delírio profundo a realidade absurda? Extremos? Pontos de vistas do prisma. A linha tênue que divide tudo isso é imaginária? Depende, contos são contos... Insólitos às vezes. Solúveis? Somada a equação de erotismo e ghb, só sabe a reposta quem de fato sabe se o texto é real ou não. Ainda quer elogios? Procure-os nas entrelinhas... estão todos aí


Carpediem (JT)

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Leve

Leve mais um pedaço do meu coração
Leve meu ser, minha pequena matriz de tudo que eu sou
Leve meu puro olhar que chora em silêncio alguns dias
Leve meu suor impregnado no nosso pecado
Leve meu sorriso que transborda minha alegria
Leve meu amor que me mata a cada dia
Leve meu gozo desprendido em mil noites de prazer
Para todos os fins
Leve-me


Yuri Rabelo

terça-feira, 19 de junho de 2007

Eu

Eu ouço o relógio, são 6 da manhã
Eu me sinto tão longe de onde eu estava
Eu tenho meus ovos, eu tenho minhas panquecas também
Eu tenho minha geléia de nozes, tenho tudo menos você
Eu estouro as gemas e faço uma carinha feliz
Eu esfrego as manchas do espelho, não deixo minhas
chaves na porta
Eu nunca mais pus toalhas molhadas no chão
Porque sonhos duram tanto tempo, mesmo depois de você ter ido
embora
Eu sei que você me ama e logo você verá
Você foi feita para mim e eu fui feito para você

Eu liguei para mamãe, ela havia saído para uma
caminhada
Consolei uma xícara de café mas ela não queria
conversar
Então eu peguei um jornal, eram mais más notícias
Mais corações sendo partidos e pessoas sendo usadas
Coloquei meu casaco debaixo da tempestade
Eu vi um filme, ele não era a mesma coisa
Porque ele era feliz e eu estava triste
E ele me fez sentir sua falta

Eu só me importo com minhas coisas, estou me sentindo
bem
Além disso, o que eu diria se eu te tivesse dentro da
linha?
A mesma velha história, sem muito o que falar
Corações são partidos todos os dias

Eu escovo meus dentes e dou um sorriso pro espelho
Eu sei que você odeia quando eu deixo a luz acesa
Eu pego um livro, dobro o cobertor
E então eu dou uma forte respirada e uma boa olhada em
volta
Coloco meu pijama enquanto pulo para dentro da cama
Estou meio vivo mas eu me sinto pela maior parte
morto
Eu tento e digo para mim mesmo que ficará tudo bem
Eu simplesmente não deveria pensar mais esta noite




Jewel/Rabelo

Estrela do Norte

Eles tentaram pegar uma estrela cadente
Pensando que ela tinha ido muito longe
Como pular do céu sem machucar?
Ela foi, mas permaneceu escondida
Até que ela quebrou e caiu
Se toda história é verdadeira
Ela irá terminar como eu
Eu fui para o outro lado
Agora quem será seu guia?
Eles a pegaram, então agora guardam ela com força
Quem é o próximo? Quem irá roubar sua coroa?
Você verá

Eu aprendi bem a lição
A verdade está lá fora e eu posso sentir
Não olhe para trás e não ceda à eles
Mentiras e adeus.

Cumpra o desejo ardente em seu coração
Então nós nunca iremos nos separar
E se eles se atreverem em te perguntar
Apenas diga que nosso amor é verdadeiro
Eles compram seu sonho e vendem sua alma
É alguma maravilha, nós perdemos o controle?
Sentimentos vem. Sentimentos vão.

Viva sua vida sem arrependimento
Não seja alguém que eles vão esquecer
Quando você estiver perdido busque por mim
E você verá que a estrela não está longe



Mel c/Rabelo

Tentando

Continuo na luta sempre inacabada.
Na busca constante por aquilo que nunca se acha.
Na vontade de descoberta daquilo que não se materializa.
No gozo do sexo que nao mais se repete.
No desejo absurdo de estar com quem nao quer mais me amar.



Yuri Rabelo

terça-feira, 5 de junho de 2007

Merda

Nem a loucura do amor,
da maconha, do pó, do tabaco e do álcool,
vale a loucura do ator
quando abre-se em flor,
sob as luzes do palco
bastidores, camarins, coxias e cortinas
São outras tantas pupilas, pálpebras e retinas.
Nem uma doce oração, nem sermão, nem comício.
à direita ou à esquerda
fala mais ao coração
do que a voz de um colega
que sussurra “merda”.
Noite de estréia, tensão,
medo, deslumbramento, feitiço e magia
tudo é uma grande explosão
mas parece que não, quando é o segundo dia
Já se disse, não foi uma vez, nem três, nem quatro
não há gente como a gente, gente de teatro
gente que sabe fazer a beleza vencer
para além de toda a perda.
Gente que pode inverter
para sempre
o sentido da palavra merda.
Merda para você, desejo merda
Merda para você também
Diga merda e tudo bem
Merda toda noite, sempre, amém!...


Caetano Veloso