quinta-feira, 15 de março de 2007

Suco de moças

Puta que pariu, ontem aquela noite foi espetacular.
Era umas seis horas da tarde de ontem, um tranqüilo domingo sabe, tinha ido almoçar cedo, voltei pra casa e dormi quase a tarde toda, foi quando nesse horário meu celular toca. Era uma menina de uma cidade aqui perto que eu já tinha ficado há muito tempo.
“E ai gatão tudo bem com você? Estou na sua cidade e quero te ver.” De cara já sabia qual era a dela, e não hesitei em encontrá-la.
Ela pediu pra que eu descesse que ela passaria na porta da minha casa. Quando desci, o carro já estava na porta da minha casa, tinha duas meninas dento dele, a ju no volante e uma amiga dela no passageiro.
“Entra aí” disse ela, e sem pensar duas vezes eu entrei.
Ela me apresentou a amiga, Sabrina o nome dela, ela uma linda loira de olhos verdes com um enorme dragão tatuado nas costas.
Logo de cara a Ju me pergunta onde que a gente podia ascender um beck tranqüilo, daí eu logo pensei num bairro que estava em construção aqui na cidade e que tinha uma vista muito linda. Fomos pra lá.
Já escurecia, as estrelas estavam cada vez mais brilhantes, não havia luz de postes, portanto nós a víamos com mais intensidade, era um lindo cenário. Ao descer do carro, a Ju no impulso animal começa e me pegar, com o desejo sexual explodindo pelos seus poros. E no meio de seus beijos voláteis, sua amiga Sabrina me pega pelas costas e começa a deslizar seus seios sobre mim.
Ninguém nos via, só as estrelas.
Acedemos a maconha, fumamos. E ao acabar deitamos no afasto de mãos dadas, nós três. Estava tão gostoso, eu ali no meio de duas lindas mulheres, não queria que o dia nunca acabasse.
Ju então sugeriu que entrássemos no carro, era um Eco sport bem espaçoso.
Sabrina ficou no banco do passageiro na frente e eu e ju fomos pra trás, ao entramos ela já começou a me despir, tirou minha camisa e começou a lamber todo meu peito, deixando-me muito excitado. Eu não conseguia conter o prazer que estava sentindo, parece que nesses momentos ficamos mais sensíveis e portanto sentimos as coisas com mais intensidade.
Sabrina ate então não se manifestava, estava tranqüila jogando um jogo em seu celular e escutando uma musica, ver aquela cena parecia ser normal e ela não se incomodava. Eu ao contrario, ficava encucado com aquela situação. Não sabia o quê fazer, só não queria que Ju parasse, estava muito bom.
Eu tiro sua blusa, ela estava sem sutiem, seus cheios estavam rosados, marcados por uma minúscula marca de biquíni. Coloquei-os em minha boca, deliciava-me naqueles pedaços de carne robustos e suculentos. Os gemidos de prazer ecoavam dentro do carro e a presença de Sabrina, já nem era problema mais.
Ao desabotoar minha calça, Sabrina não contém mais o desejo e vem pro banco de trás. Não liguei, afinal esperava isso, ela já tinha se esfregado em mim antes de fumarmos.
Sem atraso ela me beija enquanto Ju tirava minha cueca.
Estava totalmente despido, com o meu cacete estourando. As duas então começam a chupa-lo e naquele delírio vou aos céus. Elas não paravam, entre beijos e chupadas elas se revezavam. Estava muito bom, muito gostoso sentir aquilo daquela forma.
Estava fascinado com Sabrina, ela estava uma deusa, seu corpo parecia ser esculpido, sua vagina era pequena e seus pêlos formavam um coração em volta dela. Não resisti, quanto Ju chupava-me sem parar, eu lambia todo aquele coração como se fosse a fruta mais gostosa que já comi. Ela gritava e seus gritos refletiam o tamanho do prazer que estava sentindo. Eu não parava, ia fundo, enfiava meu dedo.
Meu corpo já estava quente, o carro estava todo fechado e a se via nos vidros toda nossa transpiração.
Nessa hora, Ju começa a lamber Sabrina e se põe de frente a minha boca, não deu outra, coloquei minha língua em suas partes e ela me puxava os cabelos, forçando minha cabeça mais para dentro. O prazer estava se multiplicando, aquele momento parecia estar cada vez mais lento, nossa vontade era de ficar ali por toda eternidade, imagina só, por toda eternidade apenas sentindo o gozo do prazer...
Sabrina então senta em meu colo, e ao fazê-lo o fez bem devagar, o que foi perfeito. Cavalgava por dentre minhas pernas enquanto sua boca se debulhava na entrada de Ju.
Era eu agora que pedia para não pararem, aquilo nunca tinha me acontecido, nunca imaginei que sexo poderia ser tão bom. Os gemidos delas eram musica pros meus ouvidos, meu sorriso era maroto.
Ju então pede lugar, Sabrina cede e ela senta, arranha-me o rosto, morde-me e me deixa marcas gostosas.
Já não agüentando mais eu libero meu prazer e me sucumbo à prostração.
Ficamos ali, nós três, abraçados e nos beijando levemente.
Ju veste sua roupa, põe-se na frente liga o carro, acelera e nos leva embora.

terça-feira, 13 de março de 2007

beijos espalhados

Toques de palavras feitas línguas...
Molhadas... doces, salgadas...
Toques de mares fundidos
Rumos sem mapas, certos, em nós perdidos...
Toques de luz na sedução do teu cheiro...
A frutos e especiarias, terra molhada e maresias, apelo certeiro.
Toques de dedos, despem-me os segredos...
E danças dentro de mim... embalo de vento... sem fim.
Arrepio, calor, gemido, tremor...
Toques de nós na espiral da voz
Grito, sussurro, lágrima, riso, beijo e ainda o desejo...
Toques de copos de paixão cheios...
Feitos corpos que se tocam e brindam
Toques de voo nos meus seios
Em sonhos que não se saciam, não findam...
Toques que te retêm...
Apagam dores, histórias e outras vidas contêm...
E sobre ti mergulho... suspiro... retenho... me retiro...
e de novo respiro...
Toques de prazer neste querer...
E tanto amor por fazer...

terça-feira, 6 de março de 2007

Quem fica...

" Poucas dores doem tanto quanto a da separação. A primeira idéa que nos vem é a de que perdemos. Perder alguém. Perder a chance de estar com quem tanto amamos. A única coisa capaz de suavizar nossa passagem por esses momentos é a lembrança
As memórias nos faz lembrrar de coisas tão alegres, tão gostosas e tão boas de se viver.
Partindo dessa premissa, torna-se possivvel entender que a perda na verdade só existe do nosso ponto de vista. N o contexto universal é apenas maiss uma destas idas e vindas.
Aquilo que parece mentira ou injusto, muda de figura quando passamos a lembrar das coisas boas que passamos com quem supostamente perdemos.
E dessa forma tudo vai se ajeitando, começamos a ver de verdade que nao perdemos que sim ganhamos. Ganhamos experiêcia, ganhamos momentos que ficarão na nossa história, enfim, ganhamos alguem pra que a gente posssa sempre se lembrar ccom um sorriso no rosto."

sexta-feira, 2 de março de 2007

Yuri, es minha inspiração

Às vezes penso, Por que sonhar...
Se a vida não é um sonho;
Se o amor não é real...
é algo virtual
Então, Por que Amar;
Se entregar para alguém;
Sem pedir, sem esperar.

Ora! ! ! O sonho nos faz crescer;
O amor nos faz sofrer;
E neste sofrimento nada podemos fazer;
Se não senti-lo com a grandeza de uma flor,
que sem perceber nos traz a mais profunda
e singela DOR.

A dor da perda, da solidão;
Do desalinho da vida;
Da angústia do coração;
Essa dor de doer;
de sofrer,
de morrer...

Queria eu viver meu sonho
Se pelo menos, nesta vida!
Ou até mesmo em outra qualquer.

um dia poder tocar em sua alma
meu amor....

quinta-feira, 1 de março de 2007

Sonho de Alice

Então quando Alice acorda, ela percebe que já nao existem mais as mesmas coisas, percebe que o mundo não é mais o mesmo e que sua vida está agora por um fio.
Pensa como é possivel alguém declarar juras de amor por ela, prometer-lhe a eternidade e depois, como se ela fosse uma qualquer, olhar profundamente naqueles olhos claros que ela tinha e dizer: "Eu nao te quero mais!"
Seu coração se dilacera, a última coisa que ela se lembra é de ter chorado muito. Estava chovendo e chovendo forte quando ele cuspiu essas palavras em sua cara, pobrezinha, perdeu por um segundo a noção das coisas, parou e buscou dentro dos olhos daquele ingrato a verdade.
Ela saiu correndo do carro, mesmo com tamanha chuva, ela não quis saber. Chegou em casa ensopada, pegou logo uma garrafa de uisk, devia ter quase que mais da metade e começou a se debular em copos e mais copos de doses fortes daquela bebida. As lágrimas nao paravam de cair, era como se uma faca tivesse entrado em seu corpo e ninguém a tivesse tirado e por iso a ferida nao parava de doer.
Por quê ele fez isso? Por quê não me quis mais? O que eu fiz? Pensava ela buscando entender todo aquele acontecimento.
É triste, doloroso e injusto. " Eu o amo, fiz tudo por ele e eu sei que ele me deseja, eu sei que ele me quer." Gritava ela sozinnha em casa.
Aquelas primeiras horas foram muito agoniantes, ela sempre esperou uma ligação dele em momentos de crises, e ele sempre ligava...
Mas dessa vez ninguém ligou, ninguém bateu à sua porta nem havia mensagens na secretária eletrônica, deve ser por isso que ela entendeu o recado.
Dormiu.
No outro dia, depois de ter despreendido rios de lágrimas, ela sentia que a mudança já tinha acontecido, que agora só dependia dela querer mudar, e ela mudou.
Após cinco dias eles tiveram um último encontro, uma reunião entre amigos. Ela tinha chegado primeiro e sabia que ele iria por lá aparecer. Esperou e por fim ele chega todo sorridente. Dentre os companheiros estavam Yolanda, Creuza e Samara, todos amigos de muito tempo. Ele cumprimenta todas e quando vem para Alice, ela se levanta e nem olha na cara dele. Estava revoltada, achava um absurdo todo aquele show.
No termino do encontro, todos se dirigiam para o mesmo caminho quando Yolanda e Samara, qua são namroadas há um bom tempo, despediram-se e foram ao supermercado.
Ele estava provocando, por quê ir andando com a gente sendo que podia ter ligado pra sua mãe ou seu pai pra lhe buscar? Aliás, esqueci de mencionar que ele mesmo com seus quase 25 anos, ainda vivia às sombras do pai e da mãe, e mesmo sendo ainda um relativamente incapaz, ele nao ligou e ninguém veio buscá-lo.
Creuza sempre foi muito esperta e sem que Alice dissesse algo, ela notou que eles não estavam bem. Fofinha também como era chamada, Creuza morava longe e tinha que pegar ônibus, no entanto ela já tinha passado de seu ponto há muito tempo justamente por notar que nao poderia deixar os dois sozinhos.
Alice e ele nao trocaram uma palavra, nem mesmo um olhar. Ela vinha caminhando calada ao lado de Creuza.
Chegou o cruzamento. "Nao tem como mais ele vir com a gente." Pensou Alice, no cruzamento ele ia pra um lado e as duas pelo outro.
Ele a pouco mais de três quadras da sua casa liga então pra sua mãe o pegar.
Depois de desligar o telefone, tem a maior cara de pau e pergunta a Alice se ela queria carona.
"Safado, filho da puta! O que esse mané pensa que eu sou? Que ódio!"
Ela ascenou a cabeça num sinal negativo, ele deu um abraço em Creuza e disse tchau a Alice, ela nao respondeu.
No caminho até o próximo ponto, as duas vieram conversando e foi quando Alice contou toda história. Todos os amigos sabiam da história dos dois e sabiam o quanto os dois se gostavam. Creuza ficou abismada, nao entendeu o que tinha acontecido com ele.
Ele era um rapaz bonito, chamava-se Antonio, estudava fora da cidade e vinha sempre ficar com sua amada, ela também, Alice ia sempre vê-lo na cidade que morava.
Ninguém entendia muito a relação dos dois, porque mesmo ele sendo bonito ela era mais e se contrastava muito com ele.
Ela era uma bela morena de olhos claros, boca carnuda, traços definidos, gozava de um lindo corpo e era paparicada aos montes por todos.
Como ele morava fora, era dificil pra ela manter a fidelidade, todos a cobiçavam, todos a queriam, mas ela só tinha olhos pra aquele imbecil com cara de retardo( ela tirou essa conclusão depois do termino, analisou bem e viu que ele tinha cara de retardado mesmo), mas dizem que o amor é cego nao é mesmo?
Os dois tinham vivido histórias engraçadas e ela se envolvia cada vez mais. Era lindo ver aqueles olhos claros brilhando quando ele dizia alto que a amava.
Hoje, Alice tem uma vida nao muito diferente. Decobriu que Antonio nao era o grande amor de sua vida. Ela está loucamente apaixonada, fez uma tatuagem e agora vai ver seu novo namoradinho todos os finais de semana.
Ele é um lindo surfista que mora em Vitória, capital do Esperíto Santo.
Antonio deve estar bem, Alice não teve mais noticias dele depois disso tudo, ele mandou uns dois emails pra ela, mas nao detelhou muito sua vida, ela também nem faz questão.
Tá vivendo uma louca história com um outro grande amor....


Yuri Rabelo

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Quando penso em você...

Quando penso em você me sinto flutuar,
me sinto alcançar as nuvens,
tocar as estrelas, morar no céu...

Tento apenas superar
a imensa saudade que me arrasa o coração,
mas, que vem junto com as doces lembranças do teu ser.

Lembrando dos momentos
em que juntos nosso amor se conjugava
em uma só pessoa, nós ...


É através desse tal sentimento, a saudade,
que sobrevivo quando estou longe de você.
Ela é o alimento do amor que encontra-se distante...


A delicadeza de tuas palavras
contrasta com a imensidão do teu sentimento.
Meu ciúme se abranda com tuas juras
e promessas de amor eterno.


A longa distância apenas serve para unir o nosso amor.
A saudade serve para me dar
a absoluta certeza de que ficaremos para sempre unidos...


E nesse momento de saudade,
quando penso em você,
quando tudo está machucando o meu coração
e acho que não tenho mais forças para continuar;
eis que surge tua doce presença,
com o esplendor de um anjo;
e me envolvendo como uma suave brisa aconchegante...


Tudo isso acontece porque amo e penso em você...

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

CLARO!

BILL: Com licença. Esta cadeira está ocupada?
BETTY: Desculpe-me?
BILL: Está ocupada?
BETTY: Sim, está.
BILL: Oh, desculpe.
BETTY: Claro.
(Pequeno toque de campainha.)
BILL: Com licença. Esta cadeira está ocupada?
BETTY: Desculpe-me?
BILL: Está ocupada?
BETTY: Não, mas espero alguém em um minuto.
BILL: Oh. Obrigado, mesmo assim.
BETTY: Claro.
(Pequeno toque de campainha.)
BILL: Com licença. Esta cadeira está ocupada?
BETTY: Não, mas espero alguém muito em breve.
BILL: Você se importaria se eu me sentar aqui até que ele ou ela ou o que quer que seja chegue?
BETTY: (Olha de relance seu relógio.) Já passa bastante da hora...
BILL: Você nunca sabe quem você pode estar recusando.
BETTY: Desculpe. Boa tentativa, no entanto.
BILL: Claro.
(Campainha.)
BILL: Este assento está ocupado?
BETTY: Não, não está.
BILL: Você se importaria se eu me sentar aqui?
BETTY: Sim, me importaria.
BILL: Oh.
(Campainha.)
BILL: Esta cadeira está ocupada?
BETTY: Não, não está.
BILL: Você se importaria se eu me sentar aqui?
BETTY: Não, vá em frente.
BILL: Obrigado. (Ele senta. Ela continua lendo.) Todos os outros lugares parecem estar ocupados.
BETTY: Hum-hum.
BILL: Belo lugar.
BETTY: Hum-hum.
BILL: Que livro é?
BETTY: Eu só gostaria de ler em silêncio, se você não se importa.
BILL: Não.
(Campainha.)
BILL: Todos os outros lugares parecem estar ocupados.
BETTY: Hum-hum.
BILL: Belo lugar pra se ler.
BETTY: É, eu gosto.
BILL: Que livro é?
BETTY: “O Som e a Fúria”.
BILL: Oh. Hemingway.
(Campainha.)
BILL: Que livro é?
BETTY: “O Som e a Fúria”.
BILL: Oh. Faulkner.
BETTY: Você já leu?
BILL: Na verdade... não. Embora tenha lido sobre ele. Deve ser fantástico.
BETTY: É ótimo.
BILL: Ouvi dizer que sim. (Pequena pausa.) Garçom?
(Campainha.)
BILL: Que livro é?
BETTY: “O Som e a Fúria”.
BILL: Oh. Faulkner.
BETTY: Você já leu?
BILL: Eu mesmo sou um fã de Mets.
(Campainha.)
BETTY: Você já leu?
BILL: Sim, eu li na faculdade.
BETTY: Qual faculdade?
BILL: Fiz letras pelo Instituto Universal Brasileiro.
(Campainha.)
BETTY: Qual faculdade?
BILL: Eu estava mentindo. Na verdade nunca fiz faculdade. Eu só gosto de brincar.
(Campainha.)
BETTY: Qual faculdade?
BILL: USP.
BETTY: Você gosta de Faulkner?
BILL: Eu amo Faulkner. Uma vez passei um inverno inteiro lendo-o.
BETTY: Eu apenas comecei.
BILL: Fiquei tão empolgado após as dez primeiras páginas que saí e comprei tudo o mais que ele tinha escrito. Uma das maiores experiências literárias da minha vida. Quer dizer, toda aquela incrível compreensão psicológica. Páginas e páginas de prosa maravilhosa. Seu profundo alcance do mistério do tempo e da existência humana. Os cheiros da terra... O que você acha?
BETTY: Eu acho muito chato.
(Campainha.)
BILL: Que livro é?
BETTY: “O Som e a Fúria”.
BILL: Oh. Faulkner.
BETTY: Você gosta de Faulkner?
BILL: Eu amo Faulkner.
BETTY: Ele é incrível.
BILL: Uma vez passei um inverno inteiro lendo-o.
BETTY: Fiquei tão empolgada após as dez primeiras páginas que saí e comprei tudo o mais que ele tinha escrito.
BILL: Toda aquela incrível compreensão psicológica.
BETTY: E a prosa é tão maravilhosa.
BILL: E a maneira como ele alcança o mistério do tempo —
BETTY: — e da existência humana. Eu não acredito que esperei tanto para lê-lo.
BILL: Nunca se sabe. Você poderia não ter gostado dele antes.
BETTY: É verdade.
BILL: Você podia não estar preparada para ele. Essas coisas têm que acontecer no momento certo, senão não é bom.
BETTY: Isso aconteceu comigo.
BILL: Está tudo no timing. (Pequena pausa.) Meu nome é Bill, aliás.
BETTY: Sou Betty.
BILL: Oi.
BETTY: Oi.
(Pequena pausa.)
BILL: Sim, pensei que ler Faulkner seria... uma grande experiência.
BETTY: Sim.
(Pequena pausa.)
BILL: “O Som e a Fúria”
(Outra pequena pausa.)
BETTY: Bem. Pra frente e pra cima, não? (Ela volta ao seu livro.)
BILL: Garçom — ?
(Campainha.)
BILL: Você podia não estar preparada para ele. Essas coisas têm que acontecer no momento certo, senão não é bom.
BETTY: Isso aconteceu comigo.
BILL: Está tudo no timing. Meu nome é Bill, aliás.
BETTY: Sou Betty.
BILL: Oi.
BETTY: Oi.
BILL: Você vem muito aqui?
BETTY: Na verdade, só estou na cidade por dois ou três dias, depois volto pro Paquistão.
BILL: Oh. Paquistão.
(Campainha.)
BILL: Meu nome é Bill, aliás.
BETTY: Sou Betty.
BILL: Oi.
BETTY: Oi.
BILL: Você vem muito aqui?
BETTY: De vez em quando. E você?
BILL: Já não muito. Não tanto quanto eu costumava. Antes do meu colapso nervoso.
(Campainha.)
BILL: Você vem muito aqui?
BETTY: Porque você está perguntando?
BILL: Só pra saber.
BETTY: Você está realmente querendo saber, ou você só está tentando me cantar?
BILL: Eu estou realmente querendo saber.
BETTY: Porque você gostaria de saber se eu venho ou se eu deixo de vir aqui?
BILL: Só pra puxar uma conversa.
BETTY: Talvez você só esteja querendo puxar uma conversa que dure o suficiente para que você possa me convidar para ir à sua casa, tomar um pouco de vinho, ouvir um pouco de música, ou porque você acabou de alugar alguma fita ótima, só que tudo o que você realmente quer fazer é trepar — coisa que você não fará nada bem — depois do que você irá até o banheiro e mijará muito alto, então caminhará até a cozinha e pegará uma cerveja da geladeira para você sem nem ao menos me perguntar se eu gostaria de alguma coisa; e então você voltará a deitar-se ao meu lado e começara a confessar que tem uma namorada, chamada Stephanie, que está na Bélgica, fazendo medicina, e que você está envolvido com ela — terminando e voltando — no que você chamará de uma relação muito complicada, há mais ou menos sete ANOS. Nada disso me interessa, senhor!
BILL: Tudo bem.
(Campainha.)
BILL: Você vem muito aqui?
BETTY: Todos os dias, eu acho.
BILL: Eu venho aqui bastante e não me lembro de ter visto você.
BETTY: Acho que nós temos horários diferentes.
BILL: Conexões perdidas.
BETTY: É, fuso-horários trocadoss.
BILL: Incrível como você pode ser vizinho de alguém nessa cidade e nem ao menos conhecê-lo.
BETTY: Eu sei.
BILL: Vida urbana.
BETTY: É louco.
BILL: Provavelmente nós nos cruzamos na rua todos os dias. Bem em frente a este lugar, provavelmente.
BETTY: Com certeza.
BILL: (Olha em volta.) Bem, os garçons daqui com certeza parecem estar em outro fuso-horário. Eu não vejo um em lugar algum... Garçom! (Olha de volta.) Então o que você... (Ele percebe que ela voltara ao seu livro.)
BETTY: Perdão?
BILL: Nada. Desculpe.
(Campainha.)
BETTY: Acho que nós temos horários diferentes.
BILL: Conexões perdidas.
BETTY: É, fuso-horários trocados.
BILL: Incrível como você pode ser vizinho de alguém nessa cidade e nem ao menos conhecê-lo.
BETTY: Eu sei.
BILL: Vida urbana.
BETTY: É louco.
BILL: Você não estava esperando alguém quando eu entrei, estava?
BETTY: Na verdade eu estava.
BILL: Oh. Namorado?
BETTY: Mais ou menos.
BILL: O que é um mais ou menos namorado?
BETTY: Meu marido.
BILL: Ah!...
(Campainha.)
BILL: Você não estava esperando alguém quando eu entrei, estava?
BETTY: Na verdade eu estava.
BILL: Oh. Namorado?
BETTY: Mais ou menos.
BILL: O que é um mais ou menos namorado?
BETTY: Nós estamos nos encontrando aqui para terminar.
BILL: Hum-hum...
(Campainha.)
BILL: O que é um mais ou menos namorado?
BETTY: Meu caso. Aí vem ela!
(Campainha.)
BILL: Você não estava esperando alguém quando eu entrei, estava?
BETTY: Não, apenas lendo.
BILL: Tipo de ocupação triste para uma Sexta à noite, não? Lendo aqui, totalmente sozinha?
BETTY: Você acha?
BILL: Bem, com certeza. Quer dizer, o que uma mulher bonita como você faz saindo sozinha numa Sexta à noite?
BETTY: Tentando me manter longe de falas como esta.
BILL: Não, escute —
(Campainha.)
BILL: Você não estava esperando alguém quando eu entrei, estava?
BETTY: Não, apenas lendo.
BILL: Tipo de ocupação triste para uma Sexta à noite, não? Lendo aqui, totalmente sozinha?
BETTY: Creio que sim, de alguma forma.
BILL: Bem, com certeza. Quer dizer, o que uma mulher bonita como você faz saindo sozinha numa Sexta à noite? Sem ofensa, mas...
BETTY: Saio sozinha numa Sexta à noite pela primeira vez em muito tempo.
BILL: Oh.
BETTY: Você sabe, eu recentemente terminei um relacionamento.
BILL: Oh.
BETTY: De muito longa data.
BILL: Sinto muito — Bem, escute, já que ler sozinha é uma ocupação um tanto triste para uma Sexta à noite, você não gostaria de ir a algum outro lugar?
BETTY: Não...
BILL: Fazer outra coisa?
BETTY: Não, obrigada.
BILL: Eu vou ao cinema daqui a pouco, de qualquer forma.
BETTY: Eu não acho.
BILL: Grande chance de deixar Faulkner respirar. Todas aquelas longas sentenças o deixam bastante cansativo.
BETTY: Obrigada de qualquer maneira.
BILL: Tudo bem.
BETTY: Eu aprecio o convite.
BILL: Claro.
(Campainha.)
BILL: Você não estava esperando alguém quando eu entrei, estava?
BETTY: Não, apenas lendo.
BILL: Tipo de ocupação triste para uma Sexta à noite, não? Lendo aqui, totalmente sozinha?
BETTY: Eu estava tentando pensar sobre isso como existencialismo romântico. Você sabe: capuccino, boa literatura, uma noite chuvosa...
BILL: Isso só funciona em Paris. Nós poderíamos pegar o último avião para Paris, achar um café...
BETTY: Eu estou meio sem grana pra uma passagem de avião.
BILL: Maldição, eu também.
BETTY: Pra falar a verdade, eu pensava em ir ao cinema depois que terminar este capítulo. Você gostaria de ir junto? Já que não consegue localizar um garçom?
BILL: É uma bela oferta, mas... não posso.
BETTY: Hum-hum. Namorada?
BILL: Duas, na verdade. Uma delas está grávida, e a Stephanie —
(Campainha.)
BETTY: Namorada?
BILL: Não, não tenho namorada. Não se você considerar a puta castradora que eu espanquei ontem a noite.
(Campainha.)
BETTY: Namorada?
BILL: Mais ou menos. Mais ou menos...
BETTY: O que é uma mais ou menos namorada?
BILL: Minha mãe.
(Campainha.)
BILL: Na verdade, eu recentemente terminei um relacionamento.
BETTY: Oh.
BILL: De muito longa data.
BETTY: Sinto muito de ouvir isso.
BILL: É a primeira noite que saio sozinho em muito tempo. Eu me sinto um pouco no mar, pra falar a verdade.
BETTY: Então você não parou para falar porque é lunático ou porque tem uma filiação política esquisita? —
BILL: Não. Totalmente PFL.
(Campainha.)
BILL: Totalmente PSTU.
(Campainha.)
BILL: Posso falar pra você alguma coisa sobre política?
(Campainha.)
BILL: Eu me considero um cidadão do mundo.
(Campainha.)
BILL: Não tenho nenhuma filiação.
BETTY: É um alívio. Eu também não.
BILL: Eu voto de acordo com as minhas convicções.
BETTY: Rótulos não são importantes.
BILL: Exatamente, rótulos não são importantes. Me tome como exemplo. Quer dizer, que diferença faz se eu tirei nota quatro —
(Campainha.)
BILL: nota seis —
(Campainha.)
BILL: nota oito na faculdade, ou se eu vim de Goiânia —
(Campainha.)
BILL: Americana —
(Campainha.)
BILL: Curitiba?
BETTY: Com certeza.
BILL: Eu acredito que um homem é o que ele é.
(Campainha.)
BILL: Um humano é o que ele é.
(Campainha.)
BILL: Uma pessoa é o que é.
BETTY: Eu também penso assim.
BILL: E daí se eu admirar Trotsky?
(Campainha.)
BILL: E daí se uma vez fiz lipoaspiração em todo o meu corpo?
(Campainha.)
BILL: E daí se eu não tiver um pênis?
(Campainha.)
BILL: E daí se eu gastei um ano nas Forças de Paz? Eu estava trabalhando nas minhas convicções.
BETTY: Convicções são importantes.
BILL: Você não pode simplesmente rotular uma pessoa.
BETTY: Absolutamente. Eu apostaria que você é de Escorpião.
(Muitas campainhas tocam.)
BETTY: Escute, eu pensava em ir ao cinema depois que terminar este capítulo. Você gostaria de ir junto?
BILL: Isso parece divertido. O que está passando?
BETTY: Alguns dos primeiros filmes do Woody Allen.
BILL: Oh.
BETTY: Você não gosta do Woody Allen?
BILL: Com certeza. Eu gosto de Woody Allen.
BETTY: Mas você não é louco por Woody Allen.
BILL: Esses primeiros me dão um pouco nos nervos.
BETTY: Hum-hum.
(Campainha.)
(Simultaneamente.) BILL: Você sabe, eu pensava em ir...
BETTY: Eu estava pensando em...
BILL: Desculpe-me.
BETTY: Não, continue.
BILL: Eu só ia dizer que estava pensando em ir ao cinema daqui a pouco, e...
BETTY: Eu também.
BILL: O Festival de Woody Allen.
BETTY: Aqui no CINESESC.
BILL: Você gosta dos mais recentes?
BETTY: Qualquer um que não goste deveria ser expulso do planeta.
BILL: Quantas vezes você assistiu “Bananas”?
BETTY: Oito.
BILL: Doze. Então, ainda interessada?
BETTY: Você gosta de Chicabon?
BILL: Eu saí hoje às duas da manhã para comprar um. Você teve uma Lousa-Mágica quando criança?
BETTY: Sim! Você gosta de Couve-de-Bruxelas?
BILL: Acho que elas são nojentas.
BETTY: Elas são nojentas.
BILL: Você ainda acredita em casamento apesar dos correntes sentimentos contra isso?
BETTY: Sim.
BILL: E filhos?
BETTY: Três deles.
BILL: Duas meninas e um menino.
BETTY: Pedro, Paula e Priscila.
BILL: E você me amará?
BETTY: Sim.
BILL: E será carinhosa comigo pra sempre?
BETTY: Sim.
BILL: Você ainda quer ir ao cinema?
BETTY: Claro.
BILL e BETTY (Juntos.): Garçom!